Quando se trata de garantir a saúde e o bem-estar do rebanho, é essencial estar atento não apenas à alimentação e ao manejo, mas também aos perigos que podem estar presentes na pastagem dos animais.
Muitas plantas que crescem nas pastagens podem ser tóxicas para os animais, causando sérios danos à saúde do rebanho, desde intoxicações leves até problemas fatais. No post de hoje, nós trouxemos um levantamento completo sobre as principais plantas tóxicas para bovinos. Continue lendo para saber como identificá-las e proteger seu rebanho.
1. Erva-de-rato (Palicourea marcgravii)
A erva-de-rato é uma planta bastante comum em áreas de pasto, especialmente nas regiões mais quentes do Brasil, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ela é altamente tóxica para os bovinos, pois contém compostos alcaloides que, quando ingeridos, podem causar envenenamento grave.
Os sintomas de intoxicação incluem salivação excessiva, dificuldade para se locomover e até paralisia muscular. Os bovinos tendem a evitar a ingestão dessa planta, mas, em casos de escassez de alimento ou pastagem excessivamente maculada, podem acabar consumindo a erva-de-rato acidentalmente.
É importante que você faça a identificação correta dessa planta para evitar a presença dela nas áreas de pasto. A maneira mais eficiente de controlar a erva-de-rato é por meio da roçada regular e da utilização de herbicidas específicos para plantas daninhas. O controle integrado de pragas também pode ser uma boa prática para evitar o crescimento excessivo dessa planta.
2. Timbó (Mascagnia rigida)
O timbó é uma planta trepadeira que contém substâncias tóxicas conhecidas como saponinas. Essas substâncias podem afetar o sistema cardiovascular dos bovinos, levando a sintomas como dificuldades respiratórias, quedas de pressão arterial e, em casos graves, a morte do animal.
Em geral, o timbó é encontrado em áreas de pastagens mais úmidas, como nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Acre. Embora os bovinos não procurem consumir essa planta espontaneamente, eles podem ingerir partes dela acidentalmente, principalmente quando a vegetação é escassa.
Uma maneira eficiente de prevenir a intoxicação é realizar a eliminação da planta através de capinas ou aplicação de herbicidas. Também é fundamental fazer a manutenção das cercas e das áreas de pastagem para impedir o crescimento do Timbó.
3. Flor-das-almas (Senecio spp.)
As plantas do gênero Senecio, popularmente conhecidas como flor-das-almas, são extremamente venenosas para bovinos, principalmente por causa dos alcaloides pirrolizidínicos que elas contêm. Esses compostos se acumulam no organismo do animal, ou seja, mesmo o consumo em pequena quantidade pode ter sérias consequências.
Os sintomas da intoxicação por flor-das-almas incluem fraqueza, icterícia e, em casos graves, insuficiência hepática. O maior problema é que os bovinos não demonstram sinais imediatos, o que torna o diagnóstico difícil até que os danos sejam irreversíveis.
O controle da flor-das-almas envolve a remoção das plantas infectadas das pastagens, além da roçada periódica. Também é recomendada a diversificação da pastagem para reduzir a chance de consumo acidental por parte dos animais.
4. Cipó-preto (Tetrapterys multiglandulosa)
O cipó-preto é uma planta trepadeira que cresce principalmente em regiões tropicais e de Mata Atlântica aqui no Brasil. Estados como Amazonas, Maranhão, Goiás e Minas Gerais são conhecidos por abrigar essa planta que cresce em áreas de pastagem e bordas de matas. Sua toxina afeta principalmente o sistema nervoso central dos bovinos, causando sinais de paralisia, dificuldade para coordenar os movimentos e até a morte se consumida em grandes quantidades.
Essa planta pode ser confundida com outras espécies menos tóxicas, o que dificulta seu controle. A melhor forma de prevenir intoxicações por cipó-preto é realizar inspeções regulares nas pastagens e garantir que não haja acúmulo de plantas dessa espécie. A roçada constante é um método eficaz de controle.
Como o cipó-preto pode crescer rapidamente e se espalhar por grandes áreas, a implementação de cercas e barreiras naturais também ajuda a limitar seu alcance e a proteger os animais.
5. Dama da noite (Cestrum axilare)
A dama da noite é uma planta conhecida por seu cheiro forte e característico, que atrai muitos animais, inclusive os bovinos. No entanto, ela contém alcaloides que são extremamente tóxicos e podem causar danos ao sistema nervoso central. A ingestão da planta pode levar a sintomas como salivação excessiva, tremores musculares e até morte.
Essa planta é mais comum em áreas de pastagem mal manejadas ou com vegetação densa. Para evitar que o rebanho tenha contato com a dama da noite, é importante realizar o controle rigoroso da vegetação e evitar que ela se espalhe.
Além da roçada, a introdução de outras espécies de plantas menos atrativas pode ajudar a manter o gado longe dessa planta tóxica. A vigilância constante e a rápida eliminação de qualquer resíduo da planta daninha nas pastagens são fundamentais para a prevenção.
Ela é comumente encontrada em várias regiões do Brasil, mas é especialmente comum em estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.
6. Samambaia-do-campo (Pteridium aquilinum)
A samambaia-do-campo é uma planta conhecida por ser altamente tóxica para os bovinos, especialmente se ingerida em grandes quantidades ou por períodos prolongados. Ela contém compostos que prejudicam o fígado e o sistema gastrointestinal, podendo levar a doenças hepáticas e até à morte.
A intoxicação por samambaia-do-campo é mais comum em pastagens onde essa planta cresce de forma descontrolada. A melhor maneira de prevenir é controlar o crescimento da samambaia, seja por meio de roçada regular ou pelo uso de herbicidas adequados.
Além disso, é fundamental monitorar de perto a saúde dos bovinos que pastam em áreas infestadas por samambaia-do-campo, garantindo que eles não consumam grandes quantidades dessa planta.
7. Cicuta (Conium maculatum)
A cicuta, ou Conium maculatum, é uma planta altamente venenosa que pode ser fatal para os bovinos. Ela contém toxinas que afetam o sistema nervoso central, causando paralisia, dificuldades respiratórias e, em última instância, a morte.
Essa planta geralmente cresce em áreas úmidas e próximas a cursos d’água, o que a torna comum nas regiões Sul e Sudeste do país. Para evitar a intoxicação, a eliminação da planta das áreas de pastagem é primordial.
É importante que você esteja sempre atento às plantas que crescem nas pastagens e forneça suplementação bovina para os animais para evitar que eles consumam a cicuta acidentalmente.
8. Espichadeira (Solanum malacoxylon)
A espichadeira é outra planta altamente tóxica que pertence ao gênero Solanum, conhecido por conter substâncias perigosas para os bovinos, como a solanina. Elas afetam o sistema nervoso dos animais e podem levar a sintomas como salivação excessiva, dificuldades respiratórias e até paralisia muscular.
A espichadeira é frequentemente encontrada em áreas de pastagem de solo ácido e bem irrigado, o que a torna comum em algumas regiões do Brasil, como o Centro-oeste e o Norte. Além disso, ela pode ser confundida com outras plantas menos tóxicas, o que aumenta o risco de ingestão acidental pelos animais.
A conscientização dos pecuaristas sobre o risco dessa planta, especialmente em pastagens mal manejadas ou em áreas mais propensas ao seu crescimento, é fundamental para evitar problemas com intoxicação.
9. Fedegoso (Senna occidentalis)
O fedegoso, também conhecido como Senna occidentalis, é uma planta que contém compostos tóxicos chamados saponinas e outras substâncias que afetam o rebanho. Quando ingerida em grandes quantidades, pode causar diarreia, distúrbios gástricos e até morte devido à falência renal.
Essa planta é mais comum em pastagens das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. Ela cresce em solos pobres e áreas com vegetação de Cerrado e é especialmente perigosa quando a pastagem está em baixa qualidade ou em condições de seca, fazendo com que os bovinos procurem a planta como alternativa alimentar.
Para evitar a intoxicação por fedegoso, é fundamental realizar a limpeza das pastagens e eliminar as plantas dessa espécie regularmente. A rotação de pastagem garante uma alimentação mais balanceada e reduz a chance de ingestão acidental.
10. Carrapateira (Ricinus communis)
A carrapateira é uma planta venenosa amplamente encontrada em pastagens de várias regiões do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Ela é conhecida por conter a ricina, uma toxina altamente perigosa que pode causar envenenamento grave nos bovinos.
A ingestão das sementes da carrapateira pode resultar em sintomas como vômito, diarreia, dor abdominal intensa e, em casos mais graves, a falência renal e hepática, levando à morte do animal. A planta é resistente à seca, o que facilita sua propagação em pastagens mal cuidadas, além de ser encontrada em terrenos abandonados ou com vegetação invasora.
O controle da planta deve ser rigoroso. É importante que você saiba identificar a carrapateira para agir rapidamente ao notar sua presença.
11. Barbatimão (Stryphnodendron spp.)
O barbatimão é uma planta típica das regiões tropicais do Brasil, sendo encontrada principalmente em estados do Centro-Oeste e Norte, como Mato Grosso, Maranhão e Amazonas. Embora seja conhecido por suas propriedades medicinais, o barbatimão é tóxico para os bovinos, especialmente em grandes quantidades. Ele contém substâncias que afetam o fígado dos animais, podendo causar intoxicações crônicas e até a morte.
Os animais não costumam buscar o barbatimão para consumo, mas sua presença nas pastagens pode ser perigosa se o rebanho estiver em uma situação de escassez de alimento. O risco de ingestão é maior quando a planta se mistura com outras vegetações mais palatáveis.
A melhor maneira de controlar o barbatimão é promover práticas de pecuária sustentável que garantam pastagens de boa qualidade e com diversificação de forragens.
12. Chumbinho (Lantana spp.)
A chumbinho (Lantana spp.) é uma das plantas tóxicas para bovinos mais conhecidas. Ela contém ácidos triterpênicos e outras substâncias que afetam o fígado dos animais, causando hepatotoxicidade. Os sintomas da intoxicação incluem perda de peso, icterícia e, em casos graves, morte por falência hepática.
A chumbinho é uma planta que se adapta a diversos tipos de solo e é encontrada principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil. Ela cresce rapidamente em áreas de pastagem de baixa qualidade e pode ser especialmente perigosa em pastagens mal manejadas.
O uso de cercas para evitar que os bovinos tenham acesso à planta é uma medida eficaz. A conscientização e a comunicação entre os pecuaristas também é fundamental para evitar que essa planta se espalhe e cause danos aos rebanhos.
13. Orelha-de-macaco (Enterolobium spp.)
A orelha-de-macaco é uma planta de grande porte, comum em pastagens das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste do Brasil. Ela é conhecida por suas sementes em formato de orelhas, mas também por seu alto potencial tóxico para os bovinos, especialmente devido à presença de substâncias como os taninos, que podem causar intoxicações gástricas e hepáticas.
Quando os bovinos consomem grandes quantidades dessa planta, podem apresentar sintomas como cólicas, diarreia e letargia. O risco de intoxicação aumenta quando o animal ingere as sementes ou as folhas da planta em grande quantidade, principalmente em períodos de escassez de pasto.
O controle da orelha-de-macaco deve ser feito com cuidado, por meio de poda, além da aplicação de herbicidas. Também é recomendável realizar a rotação das pastagens para garantir que o gado tenha acesso a forragens diversificadas e evite o consumo da planta tóxica.
Como você pode perceber, o melhor a fazer sempre é manter as pastagens em boas condições e realizar um manejo adequado para evitar a ingestão acidental dessas plantas perigosas. Para saber mais sobre como otimizar o manejo de pastagens e melhorar a alimentação do seu rebanho, não deixe de conferir nosso post sobre qual o melhor capim para engorda de gado. Continue sua leitura e aproveite as dicas da Agroline para melhorar a produtividade da sua propriedade.