O Charolês é uma das raças de gado de corte com um dos maiores valores entre o setor pecuário brasileiro. O famoso “Gado de Prata que Vale Ouro”, conhecido por ter um rápido ciclo de abate e pelo seu porte musculoso e avantajado, vive um grande momento de ascensão no mundo inteiro.

A história da raça começa na região francesa de Charolles, em meados do século 18. Nós do blog Agroline separamos todas as informações necessárias sobre a origem, as características, as vantagens e desvantagens da raça Charolês, acompanhe:

Quais as características do boi Charolês?

A raça de gado Charolês é famosa por sua ótima produção de carne. Vinda da França, os bois desse tipo são fáceis de reconhecer pela cor branca ou creme claro. Eles são animais grandes e fortes, com muitos músculos e pouca gordura. Outra característica é que o Charolês cresce rápido, aproveita bem o alimento e dá bastante carne quando abatido.

boi charoles com olho fechado

Características de reprodução do boi Charolês

Os gados têm um corpo largo, pernas fortes e uma cabeça característica, que é mais robusta nos machos. Essa raça se adapta bem a diferentes climas e pode ser criada sozinha ou misturada com outros tipos de gados para melhorar a qualidade da carne. Não à toa, o Charolês é muito usado por criadores de animais de corte em vários países do mundo.

Outra característica proeminente desses animais é que a sua reprodução com outras espécies (Nelore, Red Angus, Brahman, etc) é muito bem sucedida e sua genética consegue melhorar as propriedades de carcaças de baixo valor.

É daí que vem o seu apelido “Gado de Prata que Vale Ouro” – mesmo que mestiços, o sangue Charolês vai prevalecer nos bois e sua carne será muito almejada. Conclusão: a raça Charolês é, primordialmente, uma raça produtora de carnes, apesar de sua lactação render cerca de 3 litros e seu porte grande ser bem útil para o transporte.

Tamanho do boi charolês

Um boi Charolês pesa entre 800 quilos em média, enquanto a vaca pesa entre 800 a 900 quilos. Uma curiosidade é que os seus recordes respectivos já chegaram entre 1.100 e 1.500 quilos. Ou seja, a carcaça da raça é grande, de alta qualidade e com excelentes taxas de musculosidade.

Quanto custa um boi charolês?

De origem francesa, a raça produz carnes extremamente macias, marmorizadas e saborosas, cujo quilo custa, em média, R$90,00. Aliado a esse alto valor, o boi Charolês possui uma genética que favorece o seu crescimento e eficiência alimentar, gerando uma espécie de tripla aptidão para corte, laticínios e transporte.

Porém, é claro, a raça se tornou uma produtora de carne (a pasto ou estabulado) devido ao seu alto potencial de engorda, à sua boa proporção de gordura intramuscular e à palatabilidade superior.

boi_charoles deitado perto da grade

Quais são as vantagens e desvantagens da criação do boi charolês?

A genética do Charolês já comprovou que é uma das melhores raças para quem busca refinar a qualidade da produção. Nesse sentido, uma das principais vantagens da raça é a sua versatilidade e facilidade de manejo, visto que ela pode ser criada em diferentes regiões e climas.

Em relação a outras raças de gado, o Charolês possui vantagens e desvantagens específicas para cada produtor. A comparação entre o Charolês e outras raças bovinas, revela a qualidade da genética em questão. Para te ajudar, montamos um comparativo completo:

Boi charolês vs Marruá

Quando o Charolês é comparado ao Boi Marruá, fica claro que o Charolês se destaca em produção de carne e crescimento rápido, sendo ideal para sistemas de criação intensivos.

Por outro lado, o Marruá brilha em condições mais difíceis, mostrando sua resistência e capacidade de se adaptar a climas áridos.

Boi Charolês vs Angus

Ao comparar o Charolês com a raça Angus, as diferenças são claras: o Charolês é conhecido por seu rápido crescimento e excelente rendimento de carcaça, enquanto o Angus se destaca pela carne macia e saborosa, muito apreciada em mercados de alta qualidade.

Embora o Charolês tenha melhor desempenho em ganho de peso, o Angus é mais adaptável a climas frios. O cruzamento entre essas raças tem mostrado resultados promissores, unindo a musculatura do Charolês e a qualidade da carne do Angus.

Boi Charolês vs Girolanda

Ao lado da Girolanda, a diferença entre especialização e versatilidade se torna evidente. O Charolês é imbatível na produção de carne, enquanto a Girolanda é valiosa por sua capacidade de produzir tanto carne quanto leite — o que é atraente para os produtores que desejam um equilíbrio entre essas duas fontes.

Boi Charolês vs Simental

Ao comparar o Charolês com a raça Simental, observamos que o Charolês se destaca na produção de carne, enquanto o Simental é uma raça de dupla aptidão, oferecendo tanto carne quanto leite.

O Charolês geralmente apresenta um ganho de peso mais rápido e uma carcaça com melhor rendimento. O Simental é valorizado por sua resistência e adaptabilidade em diversas condições climáticas.

O cruzamento entre Charolês e Simental pode proporcionar uma combinação vantajosa, reunindo a qualidade da carne do Charolês com a versatilidade do Simental. O resultado são animais que atendem a diferentes necessidades dos produtores.

Boi Charolês vs Vaca Holandesa

Quando comparado à Vaca Holandesa, o Charolês reafirma sua vocação para a carne, em contraste com a impressionante produção de leite da Holandesa. Essa comparação evidencia a importância de escolher a raça conforme o objetivo principal da produção.

Boi Charolês vs Nelore

Ao comparar o Charolês com o Nelore, as diferenças se destacam claramente. O Charolês é conhecido por sua excelente produção de carne e capacidade de rendimento, com um ganho de peso diário superior e cortes de alta qualidade. Em contrapartida, o Nelore se destaca por sua adaptabilidade a climas quentes e resistência. Justamente por esse motivo, ele é conhecido como a raça mais comum no Brasil.

O cruzamento entre essas duas raças tem gerado resultados promissores, combinando a musculatura do Charolês com a robustez do Nelore, resultando em animais valorizados no mercado.

Boi Charolês vs Hereford

Na comparação com o Boi Hereford, ambos focados na produção de carne, o Charolês geralmente se sai melhor em tamanho e rendimento de carcaça. O Hereford, por sua vez, é conhecido por sua rapidez em atingir o peso ideal e por se adaptar melhor a climas frios. Isso mostra que, mesmo dentro do mesmo objetivo, diferentes raças podem ter características que as tornam mais adequadas a diversas condições de criação.

Boi Charolês vs Limousin

Ao comparar o Charolês com a raça Limousin, as características produtivas se destacam. O Charolês é reconhecido por seu rápido crescimento e excelente rendimento de carcaça, enquanto o Limousin é valorizado por sua carne de alta qualidade e sabor, com uma boa proporção de gordura intramuscular.

Embora o Charolês tenha um desempenho superior em termos de ganho de peso, o Limousin é conhecido por sua adaptabilidade a diferentes sistemas de manejo e por produzir cortes muito apreciados no mercado. O cruzamento entre essas raças pode resultar em animais que combinam a musculatura robusta do Charolês com a qualidade da carne do Limousin.

Boi Charolês vs Vaca Jersey

Por último, a comparação com a Vaca Jersey é a mais marcante, pois opõe uma raça de corte a uma raça leiteira altamente especializada. O Charolês impressiona pelo seu tamanho e pela quantidade de carne que produz, enquanto a Jersey é reconhecida pela eficiência em produzir leite rico em gordura, mesmo sendo menor.

O rápido crescimento do animal e a qualidade de sua carcaça também são razões pelas quais a carne do Charolês é uma das mais procuradas no mercado internacional.

Alimentação do boi Charolês

Um ponto importante é que se você quiser seguir os critérios franceses de Certificação de Origem Protegida, alimentos transgênicos e derivados de soja são proibidos na alimentação dos bois, que deve ser composta somente de capim

Mesmo se você for seguir a regulamentação brasileira, o Charolês só pode ser alimentado com selagem de milho, feno picado e ração. Ou seja: é um processo que deve ser pouco mais rigoroso.

Manuseio da raça Charolês

A raça precisa de uma atenção maior quando se fala em calor excessivo, visto que sua origem europeia se dá melhor em climas frios como o do Rio Grande do Sul. Se a sua região possui um clima mais quente, saiba os cuidados com o rebanho no calor excessivo que você precisa ter.

Outro ponto é que, devido a alta incidência gemelar, a raça tem maiores taxas de perda gestacional. Quer entender mais sobre a genealogia e o fenótipo que permitiram que a raça se tornasse tão premiada? Confira a história de sua origem:

Qual é a origem do boi Charolês?

Na região francesa de Charolais e Brionais, os bovinos conhecidos por depositar a gordura somente na superfície e manter altas taxas de músculos passaram por uma seleção orientada que permitiu o refinamento de suas qualidades. A sua estrutura óssea passou a incluir membros mais longos e um peito profundo, o que favoreceu o seu deslocamento nas pastagens e a consequente sobrevivência da raça.

Essa adaptabilidade deu tão certo que os animais Charolês foram importados para diversos países e continentes por diferentes motivos: na Península Ibérica, é a carcaça de alto valor do animal que recebe bastante atenção. Já na África e na Rússia, a raça é bem aproveitada em cruzamentos industriais. O Canadá e os EUA, por sua vez, usam da raça em exposições oficiais para obter posições de destaque.

Aqui no Brasil, os registros da Escola de Agronomia “Elyseu Maciel” apontam que os primeiros reprodutores da raça foram importados pelo governo imperial em 1885, na cidade de Pelotas, e entregues a Heleodoro de Azevedo, Souza e Mâncio de Oliveira, fazendeiros de grande influência na época. Não há informações sobre qual foi o futuro desse par de Charolês, mas claramente foi um bem sucedido.

Um grande responsável por esse espalhamento da popularidade do Charolês foi João de Souza Mascarenhas que, através no pseudônimo “Gé de Figueiredo”, descrevia os bons resultados do cruzamento da raça com as britânicas Hereford e Durham. Outros entusiastas da pecuária seguiam as publicações de Gé e logo procuravam o endereço de Anibal José de Souza, um dos mais influentes produtores de touro por cruza da época.

Em 1904, a primeira grande importação de 10 touros Charolês foi feita por Cypriano de Souza Mascarenhas, sobrinho de Aníbal, após perceber ainda mais sucesso nas cruzas da raça com outras crioulas. O tempo passou e a popularidade dos puros e mestiços Charolês oscilou, mas, após a crise da Segunda Guerra Mundial, nasceu uma preferência por carnes com menos gordura (que pesavam no custo do quilo) e a raça decolou.

Logo em 1962, os bois Charolês já chegavam na Bahia e depois no Ceará, Sergipe, Pará e Maranhão. Hoje, o rebanho do Rio Grande do Sul é o maior do mundo e o Herd Book Charolês já conta com mais de 250.000 bois em seus registros! Essa história, mesmo que resumida, nos dá uma dimensão maior do valor da raça, não é?

E então, concluiu se vai adotar a criação dos bois Charolês na sua propriedade? Independente da sua escolha, descubra mais sobre raças de gado com o nosso post sobre a raça Gir!

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