Quando se fala em produção de leite e laticínios, o gado Jersey certamente toma o primeiro lugar entre todas as raças de gado. Originários do cruzamento entre o gado Negro da Bretanha e o gado Vermelho da Normandia, esses animais são extremante adaptáveis e eficientes: uma vaca Jersey produz, em média, 16,7 litros de leite de alta qualidade diariamente!

Se tivéssemos que descrever a raça em somente duas palavras, elas com certeza seriam versatilidade e qualidade. Ficou curioso e quer descobrir os motivos por trás essa escolha? Então continue lendo o post e confirme as qualidades desta escolha.

História da raça Jersey

A trajetória da raça Jersey começa na pequena Ilha de Jersey, localizada no Canal da Mancha entre a França e a Inglaterra. Em 1763, essa região já tinha estabelecido leis contra a importação de gado e qualquer material genético bovino estrangeiro, o que foi cada vez mais reforçado pela implantação de novos regulamentos pelos dois séculos seguintes.

Isso fez com que a raça nacional da região fosse completamente isolada, fazendo com que a sua pureza reprodutiva gerasse as vacas Jersey de alta qualidade leiteira como conhecemos hoje. Mas a história da raça não foi marcada apenas por vitórias: em meados do século 18, os animais nativos da Ilha de Jersey estavam se popularizando, só que a sua apresentação física não era das melhores.

Para explicar melhor: um influente oficial do exército britânico, Sir John Le Couteur, escreveu certa vez que a raça era excelente para a produção de leite rico, mas que os fazendeiros de Jersey se conformaram com isso e estavam contentes em criar animais feios e malformados. Apesar de duros, comentários como esse foram essenciais para que um aprimoramento maior da raça fosse feito.

E esse investimento valeu a pena: em 1866, o Jersey Herd Book (JHB) foi estabelecido e documentou a linhagem quase completa da raça, um fator essencial para validá-la no mundo. Logo depois, entre os anos de 1873 a 1879, incríveis 7.330 cabeças de gado Jersey foram exportadas para países como Nova Zelândia, Austrália, França, Inglaterra e para os EUA e Canadá.

E quando a famosa raça chegou ao Brasil?

Em 1895, os primeiros animais vieram para o nosso país sob a encomenda de um pecuarista, advogado e político chamado Joaquim Francisco de Assis Brasil, que na época morava no Rio Grande do Sul. Aliás, as vacas foram compradas diretamente do rebanho da rainha Vitória da Inglaterra, sabia?

O Ministério da Agricultura do Brasil oficializou a raça em 1930, e oito anos depois a Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil foi fundada no Rio de Janeiro. Atualmente, a sua sede está localizada em São Paulo e hoje a raça Jersey continua sendo uma das maiores heranças que o mundo da pecuária brasileiro e internacional já recebeu.

Para honrar a bela trajetória desses animais e aproveitar o máximo do que eles podem oferecer, leia o nosso post sobre como garantir a qualidade do leite e obtenha o melhor manejo da matéria prima de qualidade das vacas Jersey!

Características do gado Jersey

O gado Jersey é aquele de pelagem lisa e marrom claro ou escuro que costuma ter o porte reduzido – as suas vacas têm o peso médio de 350 quilos e os seus touros, 500 quilos. Tanto o focinho quanto a língua do animal são de coloração preta escura, enquanto seus chifres são curtos e sua cabeça pequena. No entanto, a característica mais proeminente são os seus úberes bem desenvolvidos, que possuem uma excelente conformação e são proporcionais ao tamanho do corpo.

Mas qual a tradução desses traços zootécnicos para a prática da criação do gado? Descubra a seguir, com os benefícios da raça Jersey e depois compare-os com desvantagens, para saber se a raça Jersey é realmente boa para você:

Prós

  • Adaptabilidade: a raça não se adapta bem somente a diferentes climas, altitudes e regiões, mas também a todos os tipos de ordenha, alimentação, manejo e até a outras raças;
  • Eficiência alimentar: esse fator é devido não somente ao seu tamanho reduzido, mas também a sua alta eficiência de conversão alimentar, já que a vaca Jersey é a que mais transforma os alimentos em leite;
  • Docilidade: entre todas as raças, a Jersey é com certeza a mais dócil, sendo que o seu manejo pode ser feito até por crianças!
  • Precocidade: as novilhas têm o parto muito cedo, o que diminui o custo investido até a primeira parição;
  • Fertilidade: além de parirem cedo e com intervalos curtos entre cada cio, as porcentagens de concepção são altas e os partos possuem grande facilidade;
  • Longevidade: os benefícios reprodutivos e leiteiros citados podem ser aproveitados por muito tempo, pois as vacas Jersey são animais longevos;
  • Saúde: devido ao seu menor peso e tamanho, os animais são menos propensos a desenvolver problemas nos pés, o que ainda reduz o desgaste nas instalações e pastagens;
  • Qualidade e quantidade leiteira: o leite Jersey é o mais valorizado no mundo – em média, o produto possui 20% mais proteína e 25% mais cálcio, o que melhora o seu sabor e valor nutritivo, sem contar com o seu alto rendimento para manteiga, queijo e outros laticínios;
  • Cruzamentos: por terem sido criadas num estado puro por muito tempo, as vacas Jersey conseguem transmitir muito bem as suas qualidades, o que significa que podem melhorar outras raças e produzir novilhas mais eficientes;
  • Sustentabilidade: foi comprovado que o gado Jersey emite menos gases responsáveis pelo efeito estufa e reduzem o uso de terra, água e combustíveis fósseis!

Contras

A principal desvantagem da raça Jersey é que, por ser de origem europeia, está mais propensa a ser afetada por agentes externos como pragas rurais e doenças. No entanto, é um fato nos estudos zootécnicos que esse fator é completamente controlável através do manejo correto – usando produtos veterinários de qualidade e um acompanhamento regular de sua saúde, a raça Jersey não oferece grandes desvantagens.

Investimento necessário

Diante de tudo isso, apostamos que você quer saber qual é o valor de uma vaca Jersey. Os preços variam muito conforme a cotação atual do mercado, mas em geral é possível comprar bezerros Jersey por preços a partir de R$3.000 no Brasil. Fora o custo do próprio animal, a manutenção do gado será acessível: a alimentação é versátil (pastagem, silagem ou ração) e, como você leu anteriormente, em menor quantidade.

Se você acredita que a raça Jersey é uma que vale a pena investir, nós, da Agroline, concordamos! Os benefícios oferecidos são vastos e podem oferecem uma melhora na produção leiteira de qualquer fazenda, de Norte a Sul do país. Mas se quiser balancear esses animais com as demais opções do mercado, continue acessando os posts da nossa série de raças de gado para comparar!

Aproveite também para conhecer a raça Guzerá aqui em nosso blog e ficar bom dentro das diferentes possibilidades!