Você sabia que o Charolês é uma das raças bovinas que carrega um dos maiores valores entre o setor pecuário brasileiro? O famoso “Gado de Prata que Vale Ouro”, que é conhecido pelo seu porte musculoso avantajado e por ter um rápido ciclo de abate, está vivendo um grande momento de ascensão no mundo inteiro.

A história da raça começa na região francesa de Charolles, em meados do século 18. Nós do blog Agroline separamos todas as informações necessárias sobre a origem, as características, as vantagens e desvantagens da raça Charolês, veja só:

O que é boi Charolês?

O boi Charolês é um animal robusto de porte grande, cujas características zootécnicas incluem pelagem branca ou creme, cabeça curta e larga, chifres laterais e pequenos, mucosas rosadas e pouca gordura superficial. De origem francesa, a raça Charolês produz carnes extremamente macias, marmorizadas e saborosas, cujo quilo custa, em média, R$90,00!

Aliado a esse alto valor, o boi Charolês possui uma genética que favorece o seu crescimento e eficiência alimentar, gerando uma espécie de tripla aptidão para corte, laticínios e transporte. Porém, é claro, a raça se tornou uma produtora de carne (a pasto ou estabulado) devido ao seu alto potencial de engorda, boa proporção de gordura intramuscular e palatabilidade superior.

Um boi Charolês pesa entre 800 quilos em média, enquanto a vaca pesa entre 800 a 900 quilos, mas os seus recordes respectivos são de 1.500 e 1.100 quilos! Ou seja, a carcaça da raça é grande, de alta qualidade e com excelentes taxas de musculosidade.

Outra característica proeminente desses animais é que a sua reprodução com outras espécies (Nelore, Red Angus, Guzerá, etc) é muito bem sucedida e sua genética consegue melhorar as propriedades de carcaças de baixo valor.

É daí que vem o seu apelido “Gado de Prata que Vale Ouro” – mesmo que mestiços, o sangue Charolês vai prevalecer nos bois e sua carne será muito almejada. Conclusão: a raça Charolês é, primordialmente, uma raça produtora de carnes, apesar de sua lactação render cerca de 3.00. litros e seu porte grande ser bem útil para o transporte.

Quer entender mais sobre a genealogia e o fenótipo que permitiram que a raça se tornasse tão premiada? Confira a história de sua origem:

Qual é a origem do boi Charolês?

Na região francesa de Charolais e Brionais, os bovinos conhecidos por depositar a gordura somente na superfície e manter altas taxas de músculos passaram por uma seleção orientada que permitiu o refinamento de suas qualidades. A sua estrutura óssea passou a incluir membros mais longos e um peito profundo, o que favoreceu o seu deslocamento nas pastagens e a consequente sobrevivência da raça.

Essa adaptabilidade deu tão certo que os animais Charolês foram importados para diversos países e continentes por diferentes motivos: na Península Ibérica, é a carcaça de alto valor do animal que recebe bastante atenção. Já na África e na Rússia, a raça é bem aproveitada em cruzamentos industriais. O Canadá e os EUA, por sua vez, usam da raça em exposições oficiais para obter posições de destaque.

Aqui no Brasil, os registros da Escola de Agronomia “Elyseu Maciel” apontam que os primeiros reprodutores da raça foram importados pelo governo imperial em 1885, na cidade de Pelotas, e entregues a Heleodoro de Azevedo, Souza e Mancio de Oliveira, fazendeiros de grande influência na época. Não há informações sobre qual foi o futuro desse par de Charolês, mas claramente foi um bem sucedido.

Um grande responsável por esse espalhamento da popularidade do Charolês foi João de Souza Mascarenhas que, através no pseudônimo “Gé de Figueiredo”, descrevia os bons resultados do cruzamento da raça com as britânicas Hereford e Durham. Outros entusiastas da pecuária seguiam as publicações de Gé e logo procuravam o endereço de Anibal José de Souza, um dos mais influentes produtores de touro por cruza da época.

Em 1904, a primeira grande importação de 10 touros Charolês foi feita por Cypriano de Souza Mascarenhas, o sobrinho de Aníbal, após perceber ainda mais sucesso nas cruzas da raça com outras crioulas. O tempo passou e a popularidade dos puros e mestiços Charolês oscilou, mas, após a crise da Segunda Guerra Mundial, nasceu uma preferência por carnes com menos gordura (que pesavam no custo do quilo) e a raça decolou.

Logo em 1962, os bois Charolês já chegavam na Bahia e depois no Ceará, Sergipe, Pará e Maranhão. Hoje, o rebanho do Rio Grande do Sul é o maior do mundo e o Herd Book Charolês já conta com mais de 250.000 bois em seus registros! Essa história, mesmo que resumida, nos dá uma dimensão maior do valor da raça, não é?

Quais são as vantagens e desvantagens da criação do boi charolês?

A genética do Charolês já comprovou que seus bois representam a solução mais eficaz para quem busca refinar as qualidades de seu gado. Outra vantagem da raça é a sua versatilidade e facilidade de manejo, visto que ela pode ser criada em diferentes regiões e climas e ser cruzada com várias outras.

O rápido crescimento do animal e a qualidade de sua carcaça também são razões pelas quais a carne do Charolês é uma das mais procuradas no mercado internacional. No entanto, há algumas desvantagens da raça: se você quiser seguir os critérios franceses de Certificação de Origem Protegida, alimentos transgênicos e derivados de soja são proibidos na alimentação dos bois, que deve ser composta somente de capim.

Mesmo se você for seguir a regulamentação brasileira, o Charolês só pode ser alimentado com selagem de milho, feno picado e ração. Ou seja, é um processo que deve ser pouco mais rigoroso. Além disso, a raça precisa de uma atenção maior quando se fala em calor excessivo, visto que sua origem europeia se dá melhor em climas frios como o do Rio Grande do Sul. Se a sua região possui um clima mais quente, saiba os cuidados com o rebanho no calor excessivo que você precisa ter!

Outro ponto é que, devido a alta incidência gemelar, a raça tem maiores taxas de perda gestacional.

E então, concluiu se vai adotar a criação dos bois Charolês na sua propriedade? Independente da sua escolha, descubra soluções eficazes para cuidar do seu rebanho em geral com o nosso post sobre 5 opções para acabar com o carrapato!