Nesta postagem muito esperada da série de Raças de Gado, nós da Agroline finalmente vamos falar sobre a raça cujo rebanho de corte já ocupa a posição do segundo maior em quantidade do Brasil. Com cerca de 2,5 a 3 milhões de cabeças no nosso território, a grande popularidade do boi Angus é um assunto que desperta a curiosidade de muitos pecuaristas amadores.

Aqui, explicamos tudo sobre a raça Angus: a sua origem mundial e nacional, as suas características zootécnicas, os cruzamentos possíveis com diferentes raças e os prós e contras de sua criação. Veja abaixo o quanto esse investimento pode realmente valer a pena:

História da raça Angus

Uma das raças mais antigas do mundo, a Angus e a sua variação chamada Aberdeen (entenda mais sobre as variações abaixo) têm uma longa história de melhoramento genético através das décadas. Para começar, saiba que os nomes Angus e Aberdeen vem dos condados de origem da raça, localizados no nordeste da Escócia.

Em meados do século XIX, Hugh Watson, William McCombie e Sir. George Macpherson-Grant começaram a trabalhar na seleção dos melhores exemplares da raça que, no início, contava com animais de pelagem preta, amarelada e vermelha. Os bois pretos prevaleceram porque possuíam uma qualidade morfológica superior, enquanto as outras tonalidades passaram a se apresentar apenas como genes recessivos.

Os três criadores mencionados fizeram com que a raça evoluísse rapidamente, e logo em 1862 o seu livro genealógico foi publicado. Outro marco na história europeia do Angus foi a fundação da primeira associação de seus criadores, cuja sede fica em Perth, na Escócia – atualmente, a associação é conhecida como a Aberdeen-Angus Cattle Society.

No Brasil, foi em 1920 que os primeiros touros Angus foram importados do Uruguai para a cidade de Bagé, localizada no Rio Grande do Sul. Hoje, após pouco mais de um século, a raça já domina a pecuária do estado e está se expandindo com muita velocidade para outras regiões.

Em Santa Catarina, apesar da proibição da importação de animais vivos, a raça Angus recebeu muitos investimentos e conseguiu chegar ao estado por meio de embriões, o que foi uma grande vantagem para a manutenção das boas características dos animais da região – como só se coletam os embriões de bois favorecidos geneticamente, o rebanho criado lá é de altíssima qualidade.

Para saber porque tanto foi investido para inserir o Angus em diversos estados brasileiros, veja as características da raça abaixo:

Características da raça Angus

Quando se fala da aparência do Angus, procure por animais mais roliços, de corpo cilíndrico e com a cabeça pequena, pescoço curto e peito musculoso e largo. Já em termos zoológicos, o boi Angus tem alta capacidade de acumular gordura intramuscular (responsável melo marmoreio da carne) e ganhar peso com facilidade – são considerados animais de porte grande, com as suas vacas pesando de 600 a 700 kg, e os touros de 800 a 900 kg.

Além disso, a raça Angus é mais rústica que as outras raças europeias que se espalharam pelo brasil, sendo capaz de se adaptar a diferentes climas e pastos. Um detalhe: essa adaptabilidade aumenta se o boi for cruzado com a raça Nelore, possibilitando até que os animais possam ser criados em confinamento!

Outras características da raça Angus são a sua fertilidade, habilidade materna, baixa mortalidade de bezerros, precocidade, facilidade de parto, períodos curtos entre cada parto, temperamento dócil, longevidade e, claro, uma carcaça de corte com ótimas porcentagens de gordura e alta qualidade.

Mas, além disso, a raça Angus é muito conhecida por suas chances promissoras de cruzamentos variados bem sucedidos – a seguir, conheça as variações mestiças mais famosas

Variações da raça Angus

A raça Angus se divide em algumas variações, porém, duas são as mais populares no nosso território, conhecidas como Aberdeen e Red. Ambas são originárias da Grã-Bretanha e se diferenciam em sua coloração: a Aberdeen tem a pelagem preta e a Red, como o nome indica, vermelha.

Essa variação de tonalidades foi obtida ao cruzar a raça Angus com o gado inglês Longhorn, que transmitiu os seus genes pretos dominantes e os vermelhos recessivos (em menor quantidade, claro).

A vantagem de insistir no nascimento de filhotes Red é que, segundo alguns criadores, a sua pelagem tem maior resistência ao sol forte – mas não deixe de tomar os devidos cuidados necessários no calor excessivo! Fora essa característica, os méritos são os mesmos para o Angus Aberdeen e Red.

Outra variação da raça que vale a pena mencionar é a Brangus, obtida através de cruzamento de Angus (5/8) com zebuínos (3/8) Brahman ou Nelore.

Os zebuínos trazem mais conversão alimentar, longevidade, tolerância ao calor para a raça Angus, fazendo com que os mestiços desse cruzamento tenham uma rusticidade maior no geral, que pode ser muito vantajosa.

No entanto, nenhuma raça bovina escapa de possuir algumas características negativas – descubra quais são as do Angus e compare-as com as positivas.

Vantagens e desvantagens da raça Angus

Bom, com a leitura das características da raça Angus, você já pode ter uma boa noção de quais são as suas vantagens. A sua carne marmorizada é altamente valorizada no mercado por sua suculência e maciez (em termos de qualidade, ela fica posicionada logo após a carne mais valorizada do mundo, a da raça Wagyu!), então é uma escolha rentável para se produzir tanto nacionalmente quanto para a exportação.

A fertilidade, facilidade de parto, boa conversão alimentar e outras características zootécnicas da raça Angus contribuem para a produção fácil e rápida de gado, então você não terá grandes dificuldades em renovar os animais e criar novar hordas prontas para ter a sua carcaça valiosa comercializada – o que não torna a importância dos cuidados com a raça menor, então não deixe de investir em produtos veterinários de qualidade!

Agora sobre as desvantagens: a raça não pode ser considerada necessariamente uma de dupla aptidão, pois as vacas Angus produzem, em média, apenas 3 litros de leite por dia. Em comparação com a raça Charolês, que produz 3,6 litros, investir na raça escocesa para a produção leiteira é uma decisão pouco eficaz e produtiva.

Outro ponto negativo é que, por ser muito popular no mercado brasileiro e mostrar resultados de corte inquestionáveis, mesmo os bezerros que são apenas 1/2 Angus já carregam o preço médio de R$ 3.580 – para comparar, um bezerro integralmente Nelore 9outra raça muito procurada nacionalmente) custa R$ 2.970.

Ou seja, a raça Angus é uma que precisa de um bom investimento inicial e de uma vontade quase exclusiva de trabalhar com o setor de cortes – se você se encaixa nesse requisito, caro amigo produtor, nós recomendamos fortemente a criação do gado Angus!

Para ter certeza de sua decisão, continue acompanhando as publicações da nossa série de raças bovinas e comparando as características de cada uma – caso queira conhecer uma opção mais acessível, veja o post sobre a raça indiana Guzerá!

Até a próxima!