Hoje trouxemos mais um assunto importante sobre a saúde do rebanho. Com sinais sutis e grandes impactos, vamos falar sobre a ceratoconjuntivite infecciosa bovina.

Também conhecida como olho branco, lágrima e pinkeye, a doença já foi um grande problema para economias pecuárias, causando prejuízos gigantescos ao longo da história. Por isso, é válido ler o conteúdo na íntegra e saber como trabalhar para que o seu rebanho não seja contaminado por esse problema grave, assim como a dermatobiose, a papilomatose bovina e outras doenças comuns.

Vamos entender o que é a ceratoconjuntivite infecciosa bovina, quais são as causas, como reconhecer os sintomas e como buscar o tratamento mais adequado. Acompanhe:

O que é a ceratoconjuntivite infecciosa bovina?

A ceratoconjuntivite infecciosa bovina é uma doença ocular que você, criador, precisa dar importância. Afinal, ela pode causar perdas econômicas e produtivas. Resumidamente, a doença é causada pela bactéria Moraxella bovis e é altamente contagiosa, podendo ser transmitida facilmente entre os animais de ambos os sexos e de todas as faixas etárias.

veterinário examinando doenças de gado

Apesar de não ser uma doença fatal, a taxa de morbidade geralmente é alta e os casos podem exibir apenas sinais leves ou evoluir para casos graves que podem levar à cegueira. A ceratoconjuntivite ocorre no mundo todo e está entre as doenças que mais causam prejuízos significativos tanto para a cultura de corte quanto para a cultura de leite.

Caso a doença ocorra no seu rebanho, os animais podem ter queda de desempenho e o custo com tratamentos, exames e consultas também pode ser elevado. Além de haver a necessidade de investir em uma suplementação bovina para auxiliar na recuperação e no tratamento.

Quais os sinais clínicos da ceratoconjuntivite infecciosa bovina?

Segundo Postma et al., 2008, quanto aos sintomas e sinais clínicos da doença, o mais evidente é o lacrimejamento excessivo. A fotofobia e os espasmos dos músculos perioculares também estão entre os primeiros sinais apresentados.

A persistência da infecção e a taxa de progressão da doença variam de animal para animal. Fora isso, ela pode variar em condições de campo ou confinamento e se mostrar presente em um ou ambos os olhos infectados.

Os primeiros sintomas costumam aparecer em torno de 72 horas após exposição ao agente causador, segundo artigo publicado no site da Fundação Roge.

É importante relembrar que a doença é altamente contagiosa e em caso de suspeita de infecção, o ideal é isolar o animal o mais rápido possível e chamar o médico veterinário da fazenda para fazer os exames adequados.

veterinário examinando bovino

Como a ceratoconjuntivite bovina é transmitida?

A ceratoconjuntivite infecciosa pode ser transmitida pelo contato entre a mucosa dos animais ou por moscas, que funcionam como vetores mecânicos, onde as bactérias podem permanecer por até 72 horas.

O aumento da exposição solar, o vento e a poeira podem ser prejudiciais para a mucosa ocular e favorecer a predisposição para o surgimento de infecções. A incidência maior da doença também costuma ocorrer na transição do inverno para a primavera, quando aumenta o número de moscas.

Outro fator que pode colaborar para as infecções nesta época é o pasto muito alto, o qual pode acabar entrando em contato com os olhos dos animais, causando machucados que criam o ambiente ideal para as bactérias.

imagem de gado com o olho com ceratoconjuntivite

Como obter o diagnóstico de ceratoconjuntivite bovina?

Para obter um diagnóstico preciso e definitivo da doença, é necessário retirar uma amostra da mucosa para fazer uma cultura de líquido conjuntivo e detectar a presença da bactéria Moraxella bovis. Porém, como já dissemos, os sinais podem não ser tão evidentes no início da manifestação da patologia, dificultando o diagnóstico.

Um estudo organizado por pesquisadores da Universidade de Passo Fundo — RS indicam que uma nova forma de diagnóstico deve ser possível. Através do uso de tecnologias modernas como a termografia infravermelha. Assim, é possível classificar corretamente os sinais de ceratoconjuntivite com uma taxa de acuracidade de até 80%.

Por isso, é importante sempre ficar atento ao comportamento dos animais e qualquer indício de agitação, falta de resposta a comandos visuais, perda de peso e depressão. Estes são sinais aparentes de que o animal está com algum incômodo.

Se os comportamentos forem associados aos sintomas da doença que já citamos acima, o próximo passo são os exames, e se a doença for confirmada, será necessário um tratamento.

veterinário tratando ceratoconjuntivite em bovino

Qual o tratamento para ceratoconjuntivite bovina?

Existem diferentes possibilidades de tratamento para a ceratoconjuntivite bovina. O uso tópico de antibióticos é uma opção, principalmente no que diz respeito a uma aplicação regular a campo. Outra opção é o tratamento parenteral com antibióticos, que em alguns casos pode ser mais eficiente.

Para uma ação efetiva contra a bactéria causadora da doença, os medicamentos à base de gentamicina, eritromicina, oxitetraciclina e a cloxacilina, segundo artigo publicado no site da Embrapa, são os mais recomendados.

O mesmo artigo discorre sobre o desenvolvimento de novos tratamentos para auxiliar no processo de cura através da ação dos antibióticos em medicamentos com nanopartículas que, inclusive, podem diminuir o número de aplicações, aumentando a eficácia e o prazo de recuperação dos animais.

Quais as maneiras de prevenir a ceratoconjuntivite bovina?

As vacinas são os meios mais eficientes de prevenir doenças infecciosas como a ceratoconjuntivite bovina. Porém, somente esta medida não é suficiente para garantir a proteção do rebanho.

Um acompanhamento semanal da condição dos animais, com um olhar atento às condições físicas e comportamentais, pode ajudar bastante na identificação deste e outros problemas, como a Laminite.

Se você ainda não leu nosso conteúdo sobre o assunto, continue coletando informações para manter o seu rebanho saudável e saiba tudo sobre a laminite em bovinos. Boa leitura.


REFERÊNCIAS:

Postma, G. C. Carfagnini, J. C. e Minatel, L. (2008). Moraxella bovis pathogenicity: an update, Comparative immunology, microbiology and infectious diseases, dísponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0147957108000155