A atividade pecuária é uma das mais importantes da economia brasileira, fechando o ano de 2022 com 24,8% de participação no total, com um avanço de 2,11% no PIB pecuário, segundo dados da Universidade de São Paulo.
Para qualquer proprietário de rebanho, é muito importante tomar alguns cuidados com os seus animais e cada raça tem características próprias. Por isso, é importante saber mais sobre os animais que você cria e também sobre outras possibilidades.
É importante saber a origem das raças, suas funções enquanto animal de produção, características de reprodução, aproveitamento, cuidados com a alimentação e outros detalhes. Acompanhe a nossa lista com as principais raças de criação presentes na pecuária brasileira.
1. Red Angus
Origem: Escócia;
Funções: Carne Gorda.
A raça Angus chegou ao Brasil no início do século XX pelo Rio Grande do Sul e logo se espalhou por todo o país. Produtor de carne nobre com ótima possibilidade de negociação no mercado interno e externo.
Com tamanho médio, os animais têm boa musculatura sem acúmulo de gordura, proporcionando um corte macio e com sabor peculiar. A puberdade é precoce, favorecendo a cruza, inclusive com outras raças.
Com a certificação, os animais podem sofrer uma valorização de até 12% se forem certificados pela Associação Brasileira de Angus.
2. Nelore
Origem: Índia;
Funções: Carne.
A raça recebe esse nome justamente pela sua origem, uma província de mesmo nome, Nelore, na costa oriental da Índia, de onde foram embarcadas as primeiras cabeças rumo ao Brasil.
No Brasil, aproximadamente 80% do gado de corte é Nelore ou anelorado, o que equivale a pelo menos 100 milhões de cabeças de gado, com predominância nos estados do Centro-Oeste do país, segundo dados da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil.
A raça tem um ganho de peso acelerado, excelente aproveitamento da carcaça e carne pouco gordurosa, além de uma ótima longevidade reprodutiva.
3. Charolês
Origem: França;
Funções: Carne magra.
Da mesma forma que o Nelore, a origem do nome Charolês também se refere à origem dos primeiros animais, no caso, o distrito de Charolles, na França.
Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 150 mil cabeças de gado Charolês, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Charolês — ABCC. A raça possui uma pelagem branca e são animais de desenvolvimento muscular avançado, sem grande acúmulo de gordura e com ótimo ganho de peso.
A raça se adaptou muito bem a todas as regiões brasileiras, aos cruzamentos com outras raças e às diferentes condições de manejo. Produz carne de ótima qualidade e excelente aproveitamento da carcaça.
4. Guzerá
Origem: Índia;
Funções: Mista.
Considerada uma das raças que mais dão lucro na produção, o Guzerá tem menor custo com medicamentos, pois apresenta incidência dez vezes menor que outras raças de incidência de ectoparasitas.
A raça tem alta precocidade, fertilidade, habilidade materna e capacidade de conversão alimentar. Além disso, tem um excelente rendimento da carcaça no abate.
O cruzamento com outras raças também apresenta um desempenho ótimo em confinamento, segundo a opinião de criadores no guia “Guzerá, a raça do cruzamento lucrativo“.
5. Brahman
Origem: Estados Unidos;
Funções: Carne.
Diferentemente de outras raças, a Brahman tem o seu nome de uma união simbólica, significando “um novo ciclo”. Isso porque os animais originários dos EUA vieram para o Brasil no século XIX e acabaram voltando para lá na década de 1920, melhorados e muito mais produtivos.
Hoje, a raça está presente em mais de setenta países produtores e os animais são muito dóceis e maternais, facilitando o manejo dos rebanhos.
A raça tem ótima produtividade por conta de sua morfologia, perfeita para a produção de carne ainda em idade jovem. Um bom investimento com excelente retorno para produtores na cultura do capim para o gado no pasto ou pelo confinamento.
6. Senepol
Origem: Senegal;
Funções: Carne.
A raça foi reconhecida apenas em 1954 e somente em 2002 teve o primeiro animal registrado no Brasil. Apesar de recente, a criação é de bom rendimento e vem crescendo a cada nova temporada.
Os animais têm crescimento rápido, com curto ciclo de engorda. O tamanho é moderado e bem equilibrado, permitindo carcaças padronizadas para o corte. Possuem ótima tolerância ao calor e se adaptam muito bem a qualquer ambiente.
A cultura está presente em todo o Brasil e a raça oferece uma carne de excelente qualidade com baixo custo, sendo uma ótima opção de investimento, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Criadores de Bovinos Senepol.
7. Hereford
Origem: Inglaterra;
Funções: Carne Gorda.
É considerada uma das raças mais antigas de bois do mundo, com indícios da existência de animais desde os anos 1500. A raça chegou ao Brasil pelo Uruguai e pela Argentina no início do século XX.
Os animais são precoces e apresentam terminação rápida, aos 18 meses estão prontos para o abate com média de 420 quilos. A carcaça tem excelente aproveitamento, com carne saborosa e pouca gordura.
Possuem boa resistência contra ectoparasitas e parasitas internos e ótima taxa de reprodução.
8. Tabapuã
Origem: Brasil;
Funções: Carne.
A Tabapuã é a primeira raça genuinamente brasileira, resultante de cruzamentos entre animais de origem indiana e o gado mocho brasileiro. A raça recebeu esse nome devido ao seu estabelecimento na cidade de mesmo nome, na década de 1940.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos, até 2020 já eram mais de 460.000 exemplares. Os animais apresentam boa engorda e bom aproveitamento da carcaça, chegando os machos a uma média de 325 quilos no sobreano.
9. Wagyu
Origem: Japão;
Funções: Carne.
Originária da região de Kobe, no Japão, essa raça chegou ao Brasil no início da década de 1990, e é popularmente conhecida pelo corte Kobe Beef, muito saboroso e retirado da raça Wagyu onde a gordura fica entre as fibras musculares, dando uma suculência única para a carne.
Os animais são ótimos reprodutores pois têm precocidade sexual e as fêmeas têm facilidade no parto e habilidades maternas. A carne é de ótima qualidade e possui o marmoreio, a gordura no meio das fibras musculares que concede uma característica única para o sabor.
A qualidade da carne se dá, principalmente, porque os animais não vão em busca do alimento e precisam ser tratados, deixando a carne macia e suculenta.
10. Indubrasil
Origem: Brasil;
Funções: Carne.
O Indubrasil tem como principal característica as suas orelhas grandes e caídas que certificam os animais como livres de sangue bovino europeu. A raça surgiu no Brasil e foi a primeira de zebuínos a se consolidar fora da Índia.
Os animais em geral são sadios e vigorosos, com constituição robusta, musculatura compacta e muito bem distribuída. O temperamento dos animais também é dócil, facilitando o manejo.
São animais que, se tratados com suplementação bovina, podem ter alta produtividade e excelente aproveitamento da carcaça na fase de terminação.
11. Brangus
Origem: Estados Unidos;
Funções: Carne.
Derivada do cruzamento das raças Angus e Zebu, é uma das raças que possui maior diversidade de selecionadores em diversos países. São animais muito férteis, com precocidade de reprodução e engorda, habilidades maternas e ótimo acabamento da carcaça. Além disso, são muito tolerantes ao transporte de gado, ao calor e aos parasitas, tendo boa longevidade.
12. Caracu
Origem: Europa;
Funções: Carne e leite.
A raça já está presente no Brasil desde a época do descobrimento, nos anos 1500. É a mais antiga introdução bovina no país, sendo considerada patrimônio da pecuária nacional.
Os animais têm ótimas características funcionais de reprodução, engorda e produção de leite. São compactos, com boa musculatura, couro macio e aguentam muito bem o clima de todas as regiões do Brasil.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Caracu, introduzir essa raça no seu rebanho é sinônimo de ganhos significativos e comprovados.
13. Simental
Origem: Suíça;
Funções: Carne e leite.
A raça Simental é de origem suíça e, apesar de certa resistência com altas taxas de exportação, o interesse econômico foi maior e hoje a raça é o maior genótipo de bovinos a nível mundial.
Os animais são ótimos para produção de carne e de leite, com precocidade produtiva e reprodutiva. Por isso, no Brasil a raça é mais usada para cruzamentos entre diversas raças de espécie zebuína. Além disso, os animais têm boa resistência a ectoparasitas como o berne e possuem ótimas habilidades maternas.
14. Limousin
Origem: França;
Funções: Carne magra.
A raça existe há mais de quatro mil anos e é nativa da província de Lemosin, no sudoeste da França. Hoje é considerada uma das raças mais eficientes do mundo.
Os animais têm um crescimento rápido, com musculatura muito bem desenvolvida, alto poder de reprodutividade, facilidade no parto e ótimo aproveitamento da carcaça. A raça, assim como a simental, é muito utilizada para melhoramento de outras raças.
Os animais são grandes, podendo os touros chegarem a até 1200 quilos em média.
15. Chianina
Origem: Itália;
Funções: Carne magra.
Essa é uma das maiores raças de bovinos do mundo, podendo um macho chegar até surpreendentes 1.700 quilos. A raça chegou ao Brasil apenas na década de 1950.
Os animais têm ótima longevidade e fertilidade. A precocidade para o abate também é outra característica, principalmente se forem suplementados com bons produtos.
A carne é de excelente qualidade e nem precisamos citar que o rendimento é ótimo. O Chianina também é muito utilizado para o cruzamento com animais da raça Nelore, resultando em novilhos prontos para o abate com excelente tamanho aos 18 meses.
16. Devon
Origem: Inglaterra;
Funções: Carne gorda.
A raça Devon é originária da Inglaterra e uma das mais antigas raças daquele país. Chegou ao Brasil na primeira década do século XX, se multiplicando rapidamente.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores de Devon, a raça é muito resistente e as fêmeas têm facilidade para reprodução e parto. Os animais se adaptam muito bem em regiões frias e úmidas com pastagens escassas.
O rendimento da carne é excelente e a qualidade está entre uma das melhores do mundo.
17. Jersey
Origem: Inglaterra;
Funções: Leite.
Para finalizar a nossa lista, uma raça leiteira que chegou ao Brasil na primeira metade do século XX.
Os animais da raça Jersey são de porte pequeno, com média de 500 quilos para os touros. São ótimos produtores de leite, úbere com ótima conformação e proporcional ao tamanho do animal, evitando problemas como a mastite, por exemplo.
O leite para consumo humano é de alta qualidade, com mais nutrientes, gorduras, proteínas e cálcio que o leite comum, sendo muito valorizado pelas indústrias lácteas.
Pelo seu pequeno tamanho corporal, permite uma maior acomodação de animais por hectare, dando mais margem para a lucratividade na produção.
Agora que você já conhece algumas das principais raças de bovinos para criação, confira no blog da Agroline outros posts com dicas e cuidados que você precisa ter com o seu rebanho para ter uma ótima produtividade e lucratividade na pecuária.
1 comentário
Muito bom o conteúdo completo de várias raças
Gostei