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Junto com a tristeza e a diarréia, a pneumonia é uma doença muito comum entre as bezerras de leite, principalmente na fase de aleitamento. Também ocorre entre bezerros de corte, principalmente nos sistemas intensivos de criação. Em confinamentos onde animais de diversas origens são reunidos, e o estresse está presente, surtos de pneumonia são comuns. A pneumonia pode matar o animal jovem ou causar lesões graves e irreversíveis nos pulmões, capazes de prejudicar a bezerra até a vida adulta. Isto pode significar prejuízo ainda maior que as mortes, pois estes animais, ainda que criados com toda a tecnologia disponível, não vão se tornar animais produtivos. Os pulmões são vitais para a oxigenação do sangue e consequentemente para a produção de leite.

A pneumonia muitas vezes é confundida com a tristeza parasitária. As duas doenças causam respiração difícil e rápida e em certas situações é mesmo bastante difícil diferenciar estas doenças.

Causas

Nos bovinos a pneumonia possui etiologia multifatorial e parece ser precedida por um desequilíbrio na tríade de interação entre um ou mais agentes causais, em sua maioria vírus e bactérias, o sistema de defesa do hospedeiro e fatores ligados ao ambiente e ao manejo (BOWLAND & SHEWEN, 2000).

Os vírus mais freqüentes são da Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarréia Bovina a Vírus (BVD, Parainfluenza Tipo 3 (PI3) e Vírus Sincicial Bovino (BRSV). Geralmente as bactérias são oportunistas e aproveitam a queda de resistência causada pela infecção viral para se instalarem e também iniciarem uma infecção. As principais bactérias envolvidas nos quadros de Pneumonia sãoMannheimia haemolyticaPasteurela multocida, Streptococcus pneumoniae, Salmonella sp e Micoplasma bovis.

Entre os fatores ambientais e de manejo que favorecem a ocorrência da enfermidade estão a superlotação, mistura de animais de origem e idades diferentes, níveis imunológicos dos animais, calor ou frio em excesso, concentrações elevadas de poluentes e patógenos  no ar, alimentação inadequada ou mudanças bruscas na dieta, elevada carga parasitária e desmame (WALTNER-TOEWS ET AL., 1986; CALLAN & CALLAN e GARRY, 2002; SVENSSON & LIBERG, 2006).

Geralmente a pneumonia começa com queda na resistência da bezerra ou bezerro, ou devido à falta de limpeza ou excesso de umidade do bezerreiro. Um bezerreiro sujo ou com barro pode, além de enfraquecer a bezerra, permitir a disseminação de microorganismos que vão causar a pneumonia. O ajuntamento de bezerras de diferentes idades em ambiente fechado ou superlotado também pode favorecer a ocorrência da doença. A falta da mamada do colostro enfraquece a bezerra recém nascida e aumenta a chance de infecção pelos agentes causadores.

Como reconhecer a doença

A pneumonia pode causar secreção nasal mucosa (clara) ou purulenta (pus), tosse seca, corrimento ocular, batedeira (respiração superficial e rápida), principalmente nas horas mais quentes do dia, apatia, tristeza, falta de interesse em mamar, emagrecimento e falta de apetite. Como já comentado, a pneumonia muitas vezes é confundida com a tristeza parasitária e ocorre na mesma idade. Nestes casos temos que verificar outros sinais como anemia, palidez das mucosas, desidratação e febre, que são mais comuns nos casos de Tristeza.

Tratamento e controle

O diagnóstico e tratamento precoce são muito importantes. O reconhecimento rápido do bezerro (a) com pneumonia e o tratamento imediato são procedimentos eficazes de controle da doença no rebanho.

O tratamento vai eliminar os agentes da doença, ou pelo menos os agentes sensíveis aos antibióticos, impedindo sua disseminação. Mesmo em se tratando de pneumonias virais os antibióticos são importantes  na prevenção da infecção bacteriana secundária, processo que normalmente ocorre após a infecção viral e que normalmente responsável pelas mortes, uma vez que a pneumonia viral raramente mata.

Neste sentido o uso de antibióticos de amplo espectro é imprescindível. Antibióticos de amplo espectro significam maiores chances de eliminar os agentes sensíveis de maneira rápida e eficiente. A associação de penicilinas com aminoglicosídeos (Pronto Pen) tem sido usada com sucesso em muitas propriedades. A enrofloxacina (Quinotril Plus) é indicada para os casos mais graves da infecção ou com maior tempo de duração da doença. As tetraciclinas (Oxitrat LA Plus) são outra  alternativa de antibiótico seguro e eficaz, com a vantagem da aplicação a cada 48 horas nas formulações de longa ação, o que facilita o manejo em propriedades com muitos animais para tratar.

Os antiinflamatórios (presentes nos produtos acima citados) também devem ser usados e têm a função de reduzir a secreção pulmonar, diminuindo a gravidade da doença. Também têm a função de restaurar o bem estar da bezerra, que volta a comer e beber água, aumentando sua resistência aos agentes que causadores da pneumonia. Este aumento de resistência é particularmente importante no caso das pneumonias causadas por vírus, que não são sensíveis aos antibióticos.

Vale ressaltar que tão ou mais importante do que a correta escolha do tipo de antibiótico a ser usado, é a escolha do laboratório fabricante do medicamento. O investimento é alto e saber em quem investir é fundamental. Laboratórios conhecidos e com credibilidade tem sua imagem a ser preservada e, portanto, tem motivos para investirem em tecnologia e matéria-prima adequados a fabricação de medicamentos com alta eficácia. Este é o caso de empresas como a Vallée, que tem um leque de antibióticos disponíveis, permitindo a escolha de bases adequadas a cada situação e, ao mesmo tempo, permite tranqüilidade quanto a qualidade do produto aplicado.

A vacinação das bezerras contra os agentes causadores também pode ajudar a reduzir os casos da doença na fazenda. A pneumonia ocorre entre os 2 e 3 meses de idade e a vacinação pode ser feita entre 1 e 2 meses de vida, quando a imunidade passiva adquirida através do colostro está em declínio, e deve ser repetida após 20 ou 30 dias da primeira vacinação. Outra dose aos 5 ou 6 meses pode ser necessária.

Fonte: Vallée

Autor:

Sandro César Salvador

Médico Veterinário (UFMS). Mestre em Ciência Animal (UFPel). Doutor em Zootecnia (UFLA). Professor de Clínica Médica de Grandes Animais e Toxicologia. Departamento de Medicina Veterinária Universidade Federal de Lavras.