A partir de 2023, a vacinação contra a febre aftosa não é mais obrigatória no Brasil. Porém, a prevenção é fundamental para que a doença permaneça controlada em todo o território nacional.

O Brasil está na fase final de erradicação da febre aftosa. Então é essencial conhecê-la, tirar suas dúvidas sobre o assunto e seguir as medidas recomendadas pelos órgãos responsáveis.

Hoje vamos entender o que é, quais são os meios de transmissão, os sintomas e, principalmente, como prevenir a febre aftosa através da vacinação dos rebanhos. Confira!

O que é febre aftosa?

Como definida pelo Ministério da Agricultura, a febre aftosa é uma doença de notificação obrigatória causada pelo vírus Picornaviridae, do gênero Aphthovírus, altamente contagioso. Ela afeta os animais que têm os cascos divididos, incluindo bovinos, búfalos, ovelhas e porcos.

Além disso, encontrada em muitas partes do mundo e relatada em países como África, Oriente Médio, Ásia e América do Sul.

O impacto mais significativo da doença, ocorre na economia. Por causa de seu efeito sobre o comércio de animais: países cuja condição foi erradicada, não compram ou restringem severamente as importações de locais que têm casos relatados de febre aftosa.

Como a febre aftosa é transmitida?

A Febre Aftosa está entre as principais doenças que atacam o gado e sua gravidade está justamente na facilidade contágio entre os animais. O vírus está presente na saliva, muco, leite, sêmen e fezes.

Ele pode ser transmitido por vias diretas: contato entre os animais por meio de secreções, excreções, sangue e sêmen. Ou indiretas: pela água de consumo, alimentos, equipamentos, produtos e muitos outros fatores.

Os bovinos são muito suscetíveis e capazes de serem infectados por inalação de uma pequena quantidade de vírus. Em alguns animais portadores, o microorganismo pode permanecer por longos períodos — meses ou anos — após a recuperação aparente.

imagem de design com vírus e uma lupa

Quais são os sintomas da febre aftosa?

O primeiro sinal de que o animal está contaminado com a patologia é caracterizado pelas aftas (vesículas) na boca ou nos pés. Em bovinos, os sintomas mais perceptíveis são: febre, inquietação, salivação excessiva, problemas alimentares, tremores, redução produtiva, dores, ferimentos etc.

É possível que o animal fique isolado e deitado devido à fraqueza, consequentemente indo a óbito em casos mais graves da doença. A morte não é comum em animais adultos, mas recorrente em animais jovens e recém-nascidos.

O tempo médio entre a infecção inicial e o aparecimento dos sintomas é de três a oito dias, mas pode demorar até duas semanas e o animal pode ficar até 4 dias infectado sem apresentar nenhum sintoma. Para evitar esta e outras doenças, mantenha uma análise do seu rebanho e aumente a produtividade em épocas de seca com a suplementação bovina.

A febre aftosa tem cura?

Grande parte dos animais se recupera naturalmente em um período de 2 a 3 semanas, quando a doença cumpre o seu curso, já que não há um tratamento específico. Mas, devido ao risco oferecido ao rebanho, o sacrifício sanitário pode ser considerado, com o intuito de evitar uma contaminação em massa.

Além de acabar com o sofrimento do animal, essa opção está diretamente relacionada ao bem-estar de todo o rebanho e à economia da propriedade.

imagem de um rebanho de bovinos em um pasto aberto

Como controlar a febre aftosa?

Apesar de não ter tratamento, a febre aftosa pode ser controlada por meio da vacinação do rebanho. Apesar de não ser mais obrigatória, a primeira etapa da vacinação ocorre no mês de maio e a segunda de agosto até novembro.

Confira todos os detalhes no Calendário Nacional de Vacinação dos bovinos e bubalinos contra a Febre Aftosa no Brasil – 2023.

Cuidados necessários com a vacina de febre aftosa

O ideal é vacinar o rebanho da forma correta e nos períodos indicados no calendário nacional de vacinação. Além disso, tomar providências corretas para que a vacinação seja feita de forma idônea é a melhor maneira de preservar a saúde do rebanho.

Sendo assim, recomendamos seguir uma pequena lista de dicas:

  • Adquirir a vacina em estabelecimentos credenciados pelo Órgão de Defesa Sanitária Animal, como a Agroline;
  • O armazenamento deve ser realizado em recipientes com temperaturas entre 2 °C a 8 °C;
  • Para transportar as vacinas, use caixa térmica, sempre colocando três partes de gelo para uma parte de vacina. Lacre a caixa para fazer o transporte;
  • Mantenha as vacinas em temperatura ideal até o momento da aplicação e faça a aplicação nas horas mais frescas do dia;
  • Durante a vacinação, mantenha as seringas e as vacinas em caixas refrigeradas (isopor com gelo, por exemplo) e use agulhas novas, adequadas e limpas;
  • É recomendado que a aplicação seja realizada na tábua do pescoço do animal, via subcutânea ou intramuscular. De preferência, deixe os animais contidos para não realizar a aplicação de maneira inadequada;
  • Agite o frasco antes de usar e aplique a dosagem certa em todos os animais — 2ml, tomando cuidado com as bolhas de ar na seringa, para evitar risco de subdosagem;
  • As agulhas de aplicação da vacina no animal não podem ser muito finas nem muito grossas, entre 15 x 18 ou 15 x 20. As agulhas muito grossas podem causar refluxo do líquido e as muito finas podem entupir;
  • Em animais primo-vacinados (vacinados pela primeira vez) a dose de reforço é muito importante para a obtenção de níveis ótimos de proteção;
  • Sobras de vacinas devem ser destruídas;
  • Não se esqueça de preencher a declaração de vacinação e entregá-la no serviço veterinário oficial do seu estado com a nota fiscal de compra das vacinas.

Tomando todos esses cuidados, a vacinação do seu rebanho com certeza vai ser efetiva e os seus animais estarão livres da febre aftosa por mais uma temporada. Continue cuidando do seu rebanho e preze pelo bem-estar para os seus animais: conheça mais sobre a homeopatia veterinária.

imagem de um veterinário com uma vacina na mão, com uma vaca no fundo

Como é a situação da Febre Aftosa no Brasil?

O primeiro registro da Febre Aftosa no Brasil é de 1895, no Triângulo Mineiro, mas apenas na década de 1930 o Ministério da Agricultura começou a investir na prevenção. Campanhas para vacinação só começaram nos anos 1960. Os últimos focos da doença ocorreram em 2005 no Paraná e Mato Grosso do Sul.

Por este motivo, esses estados e outros dez foram suspensos da condição de zona livre. Os Estados do Amazonas, Roraima e Amapá ainda não conquistaram a classificação de livre de vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal, responsável por melhorar a saúde dos animais em todo o mundo.

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Qual é o futuro da prevenção da febre aftosa?

Com o intuito de prevenir a febre aftosa em todo o Brasil, criou-se o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa – PNEFA, instituindo o Plano Estratégico 2017-2026.

O documento é uma maneira de realizar uma avaliação do cenário atual da febre aftosa.

Atualmente, a implantação progressiva de zonas livres de febre aftosa teve avanços significativos, principalmente devido à vacinação do rebanho, estando próxima de se completar.

O Plano Estratégico menciona que na última década, o Brasil vem se destacando no mercado mundial de produtos de origem animal, questão diretamente relacionada à situação sanitária do rebanho animal.

Até o prazo vigente do Plano Estratégico, o objetivo é manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa.

Isso significa que é necessário elaborar técnicas para ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, proteger o patrimônio pecuário nacional para gerar benefícios aos agentes envolvidos e à sociedade brasileira.

Portanto, não deixe de vacinar o seu rebanho contra a febre aftosa. Assim, você está garantindo o bem-estar dos animais e a produtividade do seu rebanho. Conheça outros conteúdos da Agroline como: os principais aspectos da inseminação artificial em bovinos.